segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ler para crer

Adoro ler, adoro, já devorei livros aos montes, às vezes lia mais de um título ao mesmo tempo. Salvo alguns livros de leitura obrigatória da faculdade, todos me trouxeram muito prazer e satisfação. Ler me relaxa, é fascinante mesmo. Sem palavras.
Porém, ah porém, me tornei professora do ensino fundamental e médio, e agora ler é uma das minhas obrigações como professora. Não estou reclamando de ter que engolir artigos políticos de extrema direita ou extrema esquerda, nem dos inúmeros textos que descrevem de mil maneiras as definições geográficas de poder, estado, natureza.. etc.
Não é disso que venho falar aqui, mas sim dos textos, respostas de questões e resumos que os alunos nos entregam, às vezes por nota, às vezes por enchemos o saco deles para nos “produzirem” algo.
É só lendo pra crer, já vi de tudo, tudo mesmo. Coisa do tipo Brazil, Deuz, Caza, é comum, sim, é bem comum. Português errado é triste, mas quem sou eu, o meu também dá suas escorregadas de vez em quando. É só corrigir em caneta vermelha bem forte e enfatizar na entrega da prova que o português foi corrigido também.
 Aí temos os erros clássicos como “ Brasília um estado do centro do Brasil”, ou,  “Bill Gates inventou o computador”, “ Os EUA compraram a Amazônia brasileira, bem barato”.
Impressiona a capacidade de torcer informações que meus alunos tem, agora perto das eleições presidenciais surgiu até a frase, debate em sala de aula, “ A Marina Silva é meio parente do Lula, mas a família não se dá bem” ... Além da capacidade incrível de divagar e pular em segundos ao mundo fantástico da fantasia geográfica (creio que é assim também em outras disciplinas) eles tem um poder sobrenatural de achar que o que eles falam é verdade. Vendem essa verdade, defendendo-a com unhas e dentes.
É complicado você trabalhar com valores já muitas vezes cristalizados, e idéias plantadas e enraizadas em tal profundidade que se confunde com a informação do professor, descredibilizando aquilo que nós professores ensinamos, a bagagem que o aluno trás é importantíssima, porém na maioria das vezes ela está atrapalhada, confusa, fantasiosa e mal interpretada. È complicado lidar com isso, e perigoso.
Além da cabecinha fértil temos a mídia, a internet, as conversas unilaterais, o mau exemplo brasileiro de civismo e patriotismo (cá entre nós, somos péssimos nisso, adoramos discutir coisas das quais não fazemos idéia de como funciona), tudo isso somado a falta de atenção em sala de aula e o descaso com a leitura fazem do discurso e dos textos dos nossos alunos algo para se preocupar. Afinal, é da cabecinha deles que teremos respostas e atitudes num futuro próximo.
Como já disse é só lendo para crer.

Esse não é o motivo desse blog ter esse nome, quando nomeei o blog pensei, “as coisas que escrevo é só lendo pra crer”  ...  “tanto quanto os textos animados e fantasiosos dos meus alunos”.

3 comentários:

  1. Oi meu amor.
    Sou eu o Fê,seu marido.
    Bom,gostei muito do seu blog Flonper´s..hehehe
    E realmente corrigir provas com você é muito divertido e prazeroso.

    Amo você.

    ResponderExcluir
  2. Que surpresa deliciosa essa!!! Descobrir que você, Déka, também fez um blog. Amei, amei, amei!
    Sua consciência crítica é algo que sempre admirei, xuxu. E, de fato, pelo contato que tenho agora com os alunos da rede estadual de ensino - seja por conversar com você ou ajudar o Léo a corrigir provas -, o que a gente pode ver é que, infelizmente, nossos futuros pensadores não estão com grandes ideias.
    Mas saber que alguns professores se preocupam, e muito, com isso, é uma coisa que alivia e dá esperança.
    Boa sorte com o blog, meu bem! E boa sorte com a vida de professora!
    Tenho muito orgulho de você!
    Beijos!!!

    ResponderExcluir
  3. P.S: Adorei o nome do blog!!!

    ResponderExcluir